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Novembro Azul e Enfermagem: qual é o papel do Enfermeiro nesta data?

No Brasil, cada mês do ano conta com ao menos uma campanha para ressaltar cuidados de saúde às pessoas. Entre algumas das mais populares estão o Setembro Amarelo e o Outubro Rosa. E, neste mês, a campanha em destaque é o Novembro Azul.

Mas o que ela busca conscientizar? Qual é o papel do enfermeiro no Novembro Azul? Respondemos a essas e outras questões neste artigo.

Afinal, o que é (e como surgiu) o Novembro Azul?

O Novembro Azul foi difundido no país em 2008, por meio do Instituto Lado a Lado pela Vida. A iniciativa teve como inspiração o November, movimento criado na Austrália em 2003 para salientar a importância do exame de toque retal.

Inicialmente, o Novembro Azul possuía um forte apelo voltado para a promoção da prevenção ao câncer de próstata. Mas, com o passar do tempo, a abordagem foi ampliada.

O “novo” objetivo do Novembro Azul é chamar a atenção sobre todos os cuidados de saúde que um homem deve ter durante a sua vida. Inclusive quanto à sua saúde mental.

E, nesse sentido, o enfermeiro exerce um papel muito importante, como você poderá conferir mais à frente, neste artigo.

Mas por que a saúde do homem merece atenção?

Você certamente já ouviu falar que homens vivem menos que mulheres. E essa é uma questão que vai muito além do conhecimento popular: é embasado por estatísticas.

De acordo com estudo feito pelo IBGE, em 2019, a expectativa de vida média no Brasil para homens é de 73,1 anos. Para mulheres, é de 80,1 anos. Ou seja, homens vivem sete anos a menos que mulheres em nosso país, em média.

E isso não é uma exclusividade brasileira: é uma tendência global. E, para constatar isso, basta comparar países que ocupam posições muito diferentes no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, em 2020.

Na Noruega, nação com melhor IDH no mundo, a expectativa de vida para homens é de 81,6 anos, enquanto a de mulheres é de 84,9 anos. Já no Niger, país que ocupa a 189ª (e última) posição do ranking, se estima que homens vivam 61,3 anos, mais de dois anos a menos que mulheres (63,6).

Mas por que, em geral, homens vivem menos que mulheres? Para responder a essa questão, é preciso levar em conta, ao menos, quatro pontos.

  • Questões biológicas.
  • Tabagismo e alcoolismo.
  • Mortes violentas.
  • Cuidados com a saúde.

 

Questões biológicas

Um estudo feito pela Universidade do Sul da Dinamarca (SDK), divulgado em 2018, indicou que mulheres são biologicamente mais resistentes do que homens. E essa diferença, segundo a pesquisa, se deve aos hormônios sexuais.

Em mulheres, o estrogênio colabora amplamente ao funcionamento do sistema imunológico, protegendo o sistema vascular. Por outro lado, em homens, a testosterona está relacionada a uma redução do sistema imunológico e a riscos de doenças cardiovasculares à medida em que envelhecem.

Vale destacar que ambos os sexos possuem esses dois hormônios. Mas a proporção é diferente.

Mulheres contam com mais estrogênio que homens. Já homens adultos, por sua vez, produzem, em média, sete a oito vezes mais testosterona que mulheres.

Tabagismo e alcoolismo

Que beber álcool em excesso e fumar são hábitos que fazem mal à saúde, nós sabemos. Contudo, essas são ações ainda muito presentes no dia a dia de nossa sociedade, em especial, a homens.

Uma pesquisa recente, a Vigitel Brasil, divulgada em 2020, revelou que 11,7% da população masculina do país acima de 18 anos é formada por fumantes. Entre mulheres, esse índice é de 7,6%.

Além disso, o estudo também indicou que o consumo abusivo de álcool alcançou a 25,3% dos homens entrevistados. Quase o dobro do número registrado por mulheres: 13,3%.

Mortes violentas

Homens também são a ampla maioria no Brasil quando falamos em mortes violentas. Ou seja, fatalidades decorrentes de desastres, homicídios ou suicídios.

De acordo com o Atlas da Violência 2020, quase 629 mil pessoas foram assassinadas no Brasil entre 2008 e 2018. E nada menos que 91,8% das vítimas eram homens.

Cuidados com a saúde

Sabe aquela história de que homens cuidam menos da saúde que mulheres? Pois é… ela tem um grande fundo de verdade.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, produzida pelo IBGE, 69% da população masculina do país consultou ao menos um médico naquele ano. Para se ter uma ideia, entre mulheres esse índice salta para 82%.

Outro dado assustador é o de uma pesquisa do Centro de Saúde do Homem, feita em 2015. Nela, foi revelado que nada menos que 60% dos pacientes masculinos chegam a esse serviço público de saúde já com doenças em estágio avançado.

E como enfermeiros podem promover o Novembro Azul?

Na verdade, não se trata de uma mera questão de destacar o Novembro Azul em si. Mas sim usar essa importante data para estimular, entre colegas e pacientes, o ponto de partida a um engajamento diário e genuíno com a saúde masculina.

Como pudemos notar, de fato os homens ainda não dão a devida importância a esse assunto. Portanto, cabe ao enfermeiro combater a acomodação que impede esse público de procurar o apoio médico com mais frequência.

E a questão não é apenas combater o comodismo: devem ainda lutar (por meio de informação e esclarecimento, claro) contra o preconceito do homem em torno de alguns assuntos de saúde. Como o exame de toque retal.

Nesse sentido, a pesquisa “Saúde Masculina: o homem e o câncer de próstata”, publicada no Datafolha (2009), dá uma noção exata da dimensão desse problema. No levantamento, nada menos que 77% dos entrevistados concordaram que homens não fazem o exame de toque por preconceito.

Em um cenário geral, são os enfermeiros que podem orientar a população masculina sobre testes rápidos, de sífilis, hepatite ou HIV, por exemplo. E conscientizá-los quanto a hábitos saudáveis, alimentação e atividades físicas. Sem esquecerem, claro, dos cuidados referentes à saúde mental.

Mais do que isso, o profissional de saúde deve buscar um diálogo com pacientes masculinos, a fim de destacar a importância de exames de rotina. Entre os quais:

  • Verificação da pressão arterial.
  • Hemograma completo.
  • Testes de urina.
  • Teste de glicemia, para prevenção da diabetes.
  • Verificação do perímetro abdominal e teste de IMC.
  • Exame de próstata.

 

Todos unidos pela saúde do homem – e não apenas no Novembro Azul

É importante ressaltar que a saúde é um bem que deve ser cuidado por todos. Por isso, precisamos que cada vez mais a sociedade esteja comprometida.

Isso vale não somente para os enfermeiros com os seus pacientes, mas para os pais com os seus filhos, professores com seus alunos, e assim por diante.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) é estimado que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados, no Brasil, 41.010 novos casos de câncer colorretal – 20.540 deles em homens. O câncer do intestino grosso, ou câncer de cólon e de reto, é uma doença com alta incidência em homens e mulheres no Ocidente.

De um modo geral, o risco de desenvolver câncer colorretal ao longo da vida é um pouco menor nas mulheres do que nos homens, cerca de um em 23 (4,35%) para homens e um em 25 (4%) para mulheres. Aliás, esses dados mostram que um homem não corre o risco de desenvolver apenas o câncer de próstata, como parte da população acredita.

Por fim, manter uma rotina de exames é a melhor maneira de se prevenir de uma doença, e, até mesmo, aumentar as chances de cura, no caso do diagnóstico precoce. Somente com o acompanhamento médico é possível viver com mais saúde e qualidade de vida.

Seja você enfermeiro ou não, participe dessa campanha pela vida!

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