O autismo é uma condição neurológica que afeta a comunicação, interação social e o comportamento das pessoas. Essa é uma deficiência que possui diversos sintomas e características, que são representados no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O diagnóstico pode ser feito logo na primeira infância, entre 2 e 3 anos, por meio da observação do desenvolvimento e de instrumentos sensíveis. No Brasil, o atendimento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mais precisamente em consultas de puericultura.
Os tratamentos para o TEA incluem intervenções educativas, socioeducativas, reabilitativas, além de cuidados médicos e psiquiátricos para abordar as limitações funcionais e comportamentais. Nos últimos anos, houve um aumento significativo no diagnóstico do transtorno, impulsionado pela conscientização popular sobre a condição.
Os números do TEA no Brasil e no mundo
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 70 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com autismo. Aliás, o TEA está presente em cerca de uma em cada 160 crianças globalmente, proporção ainda maior em alguns países, como os Estados Unidos.
Segundo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), divulgado em 2021, uma em cada 36 crianças do país é autista. Ou seja, quase 4,5 vezes acima da média global.
No Brasil, que conta com pouco mais de 207,7 milhões de habitantes, conforme dados de 2021, do IBGE, se estima que aproximadamente dois milhões de pessoas (0,96% da população) se enquadrem no espectro autista.
Os níveis de autismo
Existem diversos guias usados para o diagnóstico do autismo, sendo que o mais empregado na área de saúde mental é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM), feito pela Associação Americana de Psiquiatria (APA). Em sua quinta e mais recente versão, publicada em 2013, a obra combinou os antigos subtipos de diagnóstico em um único espectro.
A mudança ocorreu devido às características comportamentais semelhantes entre os diferentes diagnósticos no espectro autista, porém com diferentes níveis de gravidade. Em resumo, o TEA pode ser classificado de acordo com o grau de dependência e/ou necessidade de suporte, sendo dividido em três níveis.
- Nível 1: a pessoa requer apoio mínimo, porém apresenta dificuldades em situações sociais, comunicação limitada e relacionamentos restritos. Tem preferência por rotinas e resistência a mudanças, mas demonstra independência na vida diária.
- Nível 2: o paciente precisa de apoio substancial, pois apresenta dificuldades em interação social e comunicação, comportamentos não verbais atípicos, bem como restritivos e repetitivos mais intensos. Ou seja, há a necessidade de suporte adicional para lidar com desafios diários.
- Nível 3: o autista demanda apoio significativo, uma vez que possui déficits elevados em comunicação e socialização, além de comportamentos restritivos e repetitivos que impactam a autonomia. Apresenta dificuldade na expressão verbal, sensibilidade sensorial e necessidade de suporte para adquirir habilidades importantes para a vida diária.
Nova classificação do TEA e tipos de autismo
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) é uma ferramenta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ajudar equipes médicas em diagnósticos, além de mapear estatísticas e tendências de saúde em nível mundial. E em 2019, a 11ª edição do documento definiu como Transtorno do Espectro Autista (TEA) uma série de diagnósticos que, até a versão anterior, eram classificados como Transtorno Global do Desenvolvimento.
Entre alguns dos diagnósticos estão:
- Autismo infantil;
- Autismo atípico;
- Síndrome de Asperger;
- Transtorno Desintegrativo da Infância.
Agora, é adotada uma abordagem descritiva que considera a presença ou ausência de deficiência intelectual e o impacto na linguagem. Essa mudança busca proporcionar uma compreensão mais abrangente do espectro autista, reconhecendo a variedade de características e intensidades dentro desse espectro.
Três pesquisas médicas atuais sobre o TEA
Há várias pesquisas médicas em andamento no mundo para aprimorar o tratamento do TEA e compreender melhor suas causas. A seguir, destacamos três das mais recentes e inovadoras.
Identificação prévia do autismo
Um estudo da Universidade Ben-Gurion do Negev e do Centro Médico Soroka, ambos de Israel, descobriu que uma ultrassonografia pré-natal de rotina no segundo trimestre pode identificar sinais precoces do Transtorno do Espectro Autista. A pesquisa analisou centenas de exames de ultrassonografia, disponibilizados pelo Banco de Dados Israelense de Autismo, e encontrou anomalias no coração, nos rins e na cabeça em 30% dos fetos que mais tarde desenvolveram o transtorno.
A taxa é três vezes maior do que em fetos com desenvolvimento típico, sendo mais comuns em meninas. Em outras palavras, os resultados sugerem que certos tipos de TEA podem ser detectados durante a gestação.
Diagnóstico precoce do autismo
A Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, liderou uma pesquisa que revelou que o monitoramento das ondas cerebrais de recém-nascidos durante um teste auditivo pode ajudar na identificação precoce de transtornos relacionados ao desenvolvimento neurológico.
Os pesquisadores descobriram que bebês que posteriormente foram diagnosticados com o TEA apresentavam atrasos nas respostas do tronco cerebral a sons, o que pode afetar sua integração sensorial, comunicação social e habilidades de aprendizado. Essa descoberta abre caminho para o desenvolvimento de uma ferramenta de triagem universal, assim como a tratamentos personalizados.
Os resultados do estudo também ofereceram observações sobre aquisição de linguagem, processamento sensorial e controle motor, que são fundamentais para interações sociais e comunicação à medida que o bebê cresce. Além disso, a pesquisa destaca a importância de intervenções terapêuticas precoces para aumentar a eficácia do tratamento.
Associação entre autismo em crianças e doenças cardiometabólicas
Uma revisão sistemática feita pela Universidade de Tecnologia do Texas, dos Estados Unidos, investigou a possível ligação entre Transtorno do Espectro Autista e doenças cardiometabólicas. E o resultado foi surpreendente: o transtorno está associado a um maior risco de desenvolvimento de diabetes, dislipidemia e doenças cardíacas.
Embora não seja possível afirmar que o autismo é a causa de distúrbios metabólicos, a pesquisa indicou que crianças com TEA têm maior probabilidade de desenvolver essas complicações. Nesse sentido, um monitoramento médico constante dessas condições e seus efeitos é essencial para esses pacientes.
O estudo envolveu a análise de 34 estudos, totalizando mais de 8 milhões de participantes, mais de 276.000 diagnosticados com o transtorno.
Como elevar a qualidade do atendimento ao paciente autista
Agora que compreendemos o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), suas classificações e pesquisas relacionadas, é fundamental ir além e refletir sobre a importância de uma qualificação profissional de excelência para atender adequadamente essas pessoas que necessitam de cuidados especializados. Portanto, um atendimento humano e eficiente é essencial.
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