Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o crescimento do número de doutores no ensino superior foi de 6,4% de 2018 para 2019. Isso mostra como as instituições vêm se qualificando cada vez mais e como é importante conhecer o corpo docente de um curso de graduação. Então, para te ajudar nesta avaliação, preparamos algumas dicas sobre a qualificação do corpo docente em Enfermagem.
No geral, a área da saúde exige títulos acadêmicos, principalmente para quem vai dar aulas. Contudo, a inclinação pessoal para o ensino da Enfermagem continua indispensável.
Aliás, essa é uma das percepções da Prof.ª Maria Elisa Ravagnani Gonçalves Ramos, coordenadora do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde IGESP – FASIG.
Enfermeira há 27 anos, a Prof.ª Maria Elisa se especializou em licenciatura, visando ao compartilhamento de experiências em sala de aula. “O propósito da docência surgiu para disseminar os conhecimentos adquiridos durante a assistência”, afirma. “Sempre tive apreço pelo ambiente de ensino e aprendizado”.
Como professora, após lecionar em uma escola de nível Técnico em Enfermagem por sete anos, passou a dar aulas na Faculdade de Medicina do ABC. Assim como ela, cerca de 400 mil profissionais são professores universitários, de acordo com o Censo da Educação Superior 2018.
Conversamos com ela sobre o corpo docente da graduação em Enfermagem e atestamos que os professores realmente representam o curso. Confira!
Qual é a formação do corpo docente em Enfermagem?
Engana-se quem acredita que para ser professor universitário basta apenas fazer mestrado e doutorado. Nesse sentido, é preciso construir experiência de vida no mercado, participar de congressos, publicar estudos e viver a profissão na prática.
Como diz a coordenadora de do curso de Enfermagem da FASIG, o corpo docente precisa ser “capaz de transmitir não somente o papel do enfermeiro, mas também a vivência do dia a dia da profissão”.
Então, o peso de tal repertório é erguido com o tempo. Isso explica por que uma parcela considerável de professores tem mais de 50 anos. Segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo, entre 2010 e 2017, esse perfil cresceu de 33,7% para 37,9% na graduação e na pós-graduação.
Quais são as características do corpo docente ideal em Enfermagem?
A formação especializada e o domínio prático-teórico valem muito, mas, para a Profª Maria Elisa, o professor de Enfermagem deve acompanhar a evolução do mercado. “A aceitação de treinamentos é fundamental para a atualização de todos mediante a intenção de buscar aperfeiçoamento contínuo”.
Então, além da análise curricular e da entrevista, a professora da FASIG reforça algumas características tipicamente observadas na admissão do corpo docente:
- Formação lato sensu e/ou stricto sensu;
- Experiência em sala de aula, com dinâmicas e estratégias de aprendizado;
- Participação em estudos, pesquisas, publicações e premiações;
- Conhecimento a respeito da população discente e perfil dos alunos;
- Motivação de estudantes com didática, relacionamento e metodologia;
- Boa comunicação e tato para analisar, criticar e resolver conflitos;
- Bom senso com relação ao conteúdo a ser ministrado;
- Bom relacionamento interpessoal com os colaboradores da instituição;
- Conhecimento das atuais tecnologias do setor e mudanças sociais.
Maria Elisa afirma que, sob o ponto de vista dos alunos, os professores precisam demonstrar conhecimento e segurança no conteúdo, usando linguagem acessível. Para a coordenadora, os resultados melhoram com docentes “que percebem as dificuldades, oferecendo liberdade para que os alunos realizem questionamentos”.
Outro aspecto levantado pelos estudantes é a vivência do professor fora da faculdade, como condutor de informações atuais do mercado de trabalho. A própria professora reconhece isso, atuando na gestão hospitalar, simultaneamente à docência desde 2013.
“Os alunos gostam de aprender com as experiências vivenciadas pelos profissionais. Então, manter um corpo docente que trabalha na área é importante para enriquecer as aulas e melhorar o processo de ensino-aprendizagem”, garante a mestra, que valoriza professores resilientes e preparados como enfermeiros, inclusive com qualidades administrativas.
Como analisar corpo docente em Enfermagem
Aqui vão algumas dicas para você verificar as expertises do corpo docente de Enfermagem. Uma delas é bastante simples: conversar com ex-alunos capazes de transmitir boas argumentações, baseadas em evidências.
Outra forma de visualizar a carreira do professor é consultando o currículo dele na plataforma Lattes, sistema do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Assim como, a rede social LinkedIn, onde é possível verificar se a especialização do docente condiz com sua experiência de mercado.
O corpo docente determina a qualidade da faculdade de Enfermagem?
De acordo com Maria Elisa, a qualidade do curso é diretamente proporcional à qualidade dos professores. “Quando a comunidade externa fica sabendo a respeito dos professores pelos próprios alunos, entende-se que é uma instituição séria e de boa qualidade”, diz.
Tal raciocínio tem embasamento, afinal o corpo docente é um dos fatores no reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação (MEC). Em outras palavras, a boa avaliação torna a graduação mais confiável aos futuros interessados. Na FASIG, por exemplo, a nota é quatro (de um total de cinco).
E tem mais: o perfil do professor que o aluno prefere pode ser identificado pelas pesquisas da Comissão Própria de Avaliação (CPA).
Otimista com o corpo docente da graduação em Enfermagem da FASIG, a coordenadora do curso espera que mais profissionais se tornem professores.
“O preparo para professores ainda é incipiente, os cursos de graduação não se preocupam em formar docentes”, afirma. “Seria de grande valia incentivar os egressos a realizarem cursos com a intenção de melhorar a categoria”.
E aí, você seria docente em Enfermagem?
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