Antes de tudo, o combate ao uso de drogas é urgente. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz mostra que mais de 3,5 milhões de brasileiros consumiram drogas ilícitas até meados de 2017.
O Relatório Mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) informa que a prevenção e o tratamento continuam insuficientes em muitas partes do mundo.
Então, diante deste cenário desafiador, a enfermagem assume um papel preponderante na reabilitação, onde há um imenso campo de trabalho.
O perfil os usuários e os tipos de combate ao uso de drogas
Segundo uma pesquisa da Fiocruz, de 2019, 9,9% dos brasileiros usaram drogas ilícitas pelo menos uma vez. A pesquisa informa que 7,7% da população consumiu maconha; 3,1%, cocaína; 2,8%, solventes; e 0,9%, crack. A entidade também mapeou 16,5% consumidores de álcool.
Assim também, em outro levantamento feito pelo instituto, esse em 2020, revelou que 34% dos fumantes no país aumentaram o consumo de cigarros durante os cinco primeiros meses da pandemia de coronavírus.
Nesse sentido, as dependências químicas requerem ações mais intensas durante o tratamento em clínicas, hospitais e centros de reabilitação, onde atuam enfermeiros e outros profissionais de saúde especializados em desintoxicação. Entre alguns tipos de tratamentos estão:
- Interno (total ou parcial), com internação voluntária ou não do paciente.
- Externo, onde pacientes de casos leves recebem apoio e ficam em casa.
- Hospitalar, com internação mais restritiva aos cuidados médicos.
- Grupos de apoio, com terapeutas e trocas de informações para suporte emocional e ressocialização.
- Educação preventiva e política de drogas para evitar o surgimento de novos usuários.
Como a enfermagem atua na dependência química?
Para executar esse trabalho é preciso conhecer os tipos de drogas, as complicações causadas ao organismo e os protocolos mais comuns.
Assim como, outro diferencial importante é saber identificar os traços psicossociais comuns do dependente químico e os transtornos mentais causados por cada tipo de droga.
Por exemplo, a enfermagem tem contato direto com o paciente na medicação, na alimentação, na higienização e vários outros aspectos. Então, nestes momentos, é possível interpretar sinais, reações e comportamentos do paciente, facilitando a previsão de recaídas ou crises de abstinência.
Ou seja, as observações da enfermagem permitem alterações pontuais e melhorias junto à equipe multidisciplinar devido à visão geral do tratamento.
Quais são as ações mais comuns da enfermagem no combate ao uso de drogas
Antes de iniciar qualquer tipo de atendimento ao dependente químico, os profissionais de saúde precisam mapear o quadro físico, mental e social do usuário.
Em outras palavras, isso requer uma entrevista (anamnese) que pode ser respondida pelo próprio paciente (quando consciente do tratamento) ou por familiares e responsáveis. Com as respostas, são analisadas diversas questões para definir o perfil do usuário, viabilizando um tipo ideal de tratamento ou de ação preventiva apropriada para sua reabilitação:
- Tipo de substância usada. Ex.: álcool, cocaína, crack, maconha, cigarro.
- Início do uso. Ex.: infância, adolescência, meses, anos.
- Frequência e/ou quantidade por dia.
- Ambientes onde usa. Ex.: casa, rua, faculdade, trabalho, boate.
- Uso compartilhado. Ex.: amigos, parentes, vizinhos.
- Formas de consumo. Ex.: ingerido, fumado, aspirado, injetado.
- Quem sabe do vício e pode ajudar. Ex.: familiares, amigos.
- Se tem doenças ou se faz ouros tratamentos. Ex.: diabetes, hipertensão, HIV.
- Perdas sociais e financeiras. Ex.: se tem lar, trabalho, família, amigos.
- Comportamentos de risco: Ex.: brigas, roubo/furto, sexo desprotegido.
- Se já tentou parar. Ex.: recaídas, abstinência.
Logo, a partir destes pontos, a equipe consegue dar início ao tratamento com mais assertividade, pois no acompanhamento multidisciplinar, a enfermagem pondera esses aspectos clínicos e sociais, possibilitando uma visão mais detalhada até o momento da alta.
Além disso, é recomendável que o profissional de enfermagem faça um atendimento bastante humanizado, para escutar a pessoa e respeitar sua história.
Quais características precisam ter os enfermeiros nesta área?
A princípio, desenvolver atributos como empatia, tolerância, aceitação e preocupação com a integridade do paciente é indispensável no combate ao uso de drogas.
Então, ao manter uma conduta livre de preconceitos e julgamentos, a sensibilidade do profissional acolhe melhor as pessoas em situações vulneráveis. Assim, o profissional de saúde torna-se um especialista em dependência química para que sua a performance profissional e humana seja mais eficiente e segura.
Portanto, vale aprender técnicas de aconselhamento e abordagens motivacionais capazes de manter o paciente se tratando em cursos livres, congressos e workshops sobre o tema.
Enfermeiros sempre serão fundamentais nesta área pois, a evolução dos dependentes químicos depende muito das informações privilegiadas que eles captam com facilidade.
É por essa razão que as faculdades da enfermagem sempre ensinam formas de observação para os mais variados casos clínicos, como é o caso da FASIG.
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