Por muito tempo, a saúde masculina foi considerada um tabu. Contudo, aos poucos, essa realidade parece estar mudando.
Entre 2016 e 2020, o Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SUS) realizou um levantamento dos atendimentos prestados no período. E a boa notícia desse estudo é o aumento de 49,96% na procura de médicos pelos homens em relação à pesquisa anterior.
Mas mesmo com esse resultado, o homem ainda é o gênero que menos busca auxílio de especialistas e, quando o faz, muitas vezes é por notar sintomas mais graves ou por pressão familiar.
Isso se dá pela relação cultural estabelecida entre os homens que determina a ida ao médico, uma sensação de “fragilidade” e que qualquer diagnóstico de doença pode destruir a impressão de “invencibilidade masculina”.
Você sabia que eles podem fazer pré-natal?
Sim. Aliás, esse é um exemplo que reforça essa característica social e falta de conhecimento do homem quanto à sua própria saúde.
Segundo a Pesquisa Saúde do Homem, Paternidade e Cuidado, feita pela coordenação Nacional de Saúde do Homem do Ministério da Saúde e ouvidoria do SUS, cerca de 84% dos homens não realizam exames durante o pré-natal da mulher. Ou seja, o que muitos não sabem, é que eles, também, podem realizar consultas de pré-natal, tendo acesso a testes de sífilis, hepatites e HIV.
Além disso, eles podem:
- Tirar medidas antropométricas (peso, altura e índice de massa corporal);
- Fazer exames de rotina, como hemograma e lipidograma;
- Atualizar cartão de vacina;
- Aferir pressão arterial;
- Fazer teste de glicemia;
- Entre outros.
Afinal, quais são alguns dos maiores inimigos da saúde masculina?
Segundo dados divulgados em novembro de 2022 pelo IBGE, os homens brasileiros têm expectativa de vida de 73,6 anos. Isso significa 6,9 anos a menos que as mulheres (cuja expectativa de vida é de 80,5 anos).
Mas por que há essa diferença? Além de os homens visitarem o médico com menos frequência, a maior prevalência de vícios (como álcool e fumo) e de violência são alguns dos principais fatores que fazem com que eles vivam menos.
Aliás, é importante destacar algumas das doenças que mais atingem os homens brasileiros.
Doenças cardiovasculares
Infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral estão entre as principais causas de morte do Brasil. E sua maior incidência ocorre justamente entre homens.
Os fatores de risco incluem pressão alta, obesidade e alguns hábitos relacionados ao estilo de vida, como tabagismo e sedentarismo.
Câncer de pulmão
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados que 30 mil dos 625 mil novos casos de câncer entre 2020 e 2022 sejam de pulmão. Em 2019, foram 29.254 óbitos, 57% em homens.
Câncer de próstata
É o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens. Apenas no triênio 2020-2022, foram 65.840 novos casos, segundo o INCA.
Vale destacar que, quando diagnosticado precocemente, a doença tem até 90% de chances de cura. Mas, para isso, é preciso quebrar o tabu e realizar periodicamente os exames preventivos a partir dos 45 anos.
Câncer de testículos
Corresponde a apenas 5% dos casos de câncer em homens no país, segundo o Ministério da Saúde, e apresenta maior incidência durante a idade fértil do homem: ou seja, por volta dos 15 aos 50 anos. Se estiver em fase inicial, esse câncer tem altas chances de cura.
Um grande aliado na prevenção da doença é a realização de um autoexame mensal dos testículos, no qual é possível detectar possíveis nódulos. Além disso, consultas periódicas ao urologista também ajudam em eventuais diagnósticos.
Câncer de pênis
Está relacionado a condições precárias de higiene com o órgão sexual. Corresponde a apenas um em cada 50 casos de câncer em homens no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Quando diagnosticado precocemente, possui altas chances de cura.
A prevenção proporciona uma vida saudável
Quando pensamos em saúde masculina, o primeiro passo é falar sobre prevenção. Desenvolver o hábito de cuidar, observar e acompanhar o funcionamento do próprio corpo pode evitar o desenvolvimento de muitas doenças no decorrer da vida. Ou quando inevitável, conseguir aumentar as chances de resultados positivos nos diversos tratamentos.
Nesse sentido, entendemos como prevenção a adoção de hábitos mais saudáveis. Entre os quais:
- Prática regular de atividade física;
- Alimentação balanceada;
- Uso moderado de bebidas alcoólicas;
- Evitar cigarros e outras drogas;
- Rotina de saúde preventiva com autoexames e consultas de rotina.
Em contrapartida, o autocuidado está longe de ser a principal causa de visita dos homens ao médico. De acordo com levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, 70% dos homens buscaram atendimento médico por pressão familiar.
Dessa forma, o enfermeiro tem um papel fundamental, que se estende muito além de sua atuação em hospitais. Também cabe a esse profissional divulgar a importância desse tema, derrubar tabus e estimular homens a procurarem o médico para prevenção, não apenas quando estiverem com sintomas e pressionados por familiares.
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